26 dezembro 2007

Regresso

Este é um regresso algo tardio... mas assim teve de ser
Foi, quem sabe, um momento de crescimento? DE loucuras? Quem sabe!!! Foi de certeza um momento, apesar de longo, cheio de novidades.

Tinha ficado pelo accidente que tive no cruzeiro nas caraíbas, qu eme acamou por tres meses. Como devem calcular, nesses três meses a vontade de escrever não foi nenhuma. Antes pelo contrário. Depois dessa lenta e dolorosa recuparação houve o reinício do trabalho, com um colete ortopédico (à prova de balas) que me impedia de fazer moviemtos bruscos. Mas reiniciei, que era o mais importante nequela altura, pois de cama estava eu cansado.

Foi um tempo de relexão, de desespero, de solidão diária, mas não nocturna, pois o meu amor esteve sempre lá. A minha sogra foi muito boa comigo(conosco) que a comida fez todos os dias, a roupa tratou, a casa limpou, enfim... Foi excelente.

Quando regressei ao trabalho, pesava nem mais nem menos que 17 kg a mais!!! Sim, bem podem dizê-lo: estava uma baleia, de tão gordo. E para alegrar a imagem, ainda vestia dentro das roupas um colete horrivel que ainda me fazia estar mais inchado. Nesta altura tomei duas decisões importantes: perder aquele peso e mais algum que já estava a mais e deixar de fumar.

Resolvi para tal consultar uma nutricionista. E iniciei esse percurso. Custou um pouco deixar dois prazeres tão importantes como esses. Mas consegui. Perdi na realidade 19 kg e deixei de fumar. O meu amor resolveu acompanhar-me no percurso do cigarro. E ambos deixamos de fumar até o dia de hoje.

Mas ha mais novidades. Há mais pensamentos. Que com calma e tempo vos contarei.

Espero que me tenham perdoado por esta ausência toda.

Abraço

24 março 2007

Middle Of The Road-Soley Soley (1971)

21 fevereiro 2007

Voltando à nossa nova batalha

Resolvemos então comprar a nossa casinha, que ficava perto de ambos locais de trabalho.

Era um T2 muito bonito. Novo em folha. Acabamentos de topo. Localização privilegiada. Equipado com electrodomésticos e aquecimento central. Preço muito bom. Estávamos felizes, pois tínhamos encontrado aquilo que queríamos. Foi amor à primeira vista.

É impressionante como descobrimos que aqueles que se dizem nossos melhores amigos são os que mais nos invejam. Aquele nosso “amigo” que fora de ferias conosco uma vez, foi o primeiro a ser convidado a ver a casa que seria o nosso ninho. “Que horror… que cores… e estas portas… as divisões são tão pequenas… a cozinha é minúscula… e as sancas…” Ou seja, comprar esta casa seria um erro desastroso. Penso que foi neste momento que constatei de facto que os ciúmes e a inveja da nossa vida eram reais, grande e cada vez mais visível. Não se ficou por ali. Mas serão outros episódios.

Voltando, tínhamos um senão: não tínhamos avalistas. Sabíamos que seria difícil fazer um empréstimo sem esta condição. Começamos então a caça às entidades bancárias para ver qual estaria interessada em ter o privilégio de nos ter como clientes.

Encontramos uma que nos proporcionou as condições que queríamos. Agora era só esperar as datas certas. Mas como eu não sou muito de esperar, obviamente que rápido encetei as tarefas necessárias para obter autorização do construtor para mudar.

Foi uma semana de correria. Entre trabalho, encontros e choradinhos ao construtor, pedidos de água, gás e electricidade, no fim de uma semana tínhamos tudo pronto para mudar. E assim foi, dia 1 de Novembro mudamos, felizes por conquistar o nosso segundo objectivo.

20 fevereiro 2007

Caraíbas II

No dia seguinte, bem cedo, uma ambulância esperava por mim para me levar a uma clínica particular para fazer o RX.

Não falarei mal da saúde em Portugal tão cedo. Estive três horas À espera numa clínica velha, a cair aos pedaços, do terceiro mundo, à espera para realizar a dita. Só depois deste tempo foi efectuada. Tudo porque? Porque os senhores “barbadenses” não aceitam euros. Apenas dólares. Foi a única ilha onde tal havia acontecido. Em todas as outras aceitam os nossos euros e devolvem o troco em dólares.

Mas o exame confirmou o que o médico a bordo suspeitara. Eu tinha uma fractura da vértebra D12. a partir dali o resto da minha maravilhosa e tão desejada viagem foi passada de cama, no camarote.

O meu amor passou a desesperar por mim, pelas minhas dores e pelo sacrifício de ter de passar mais cinco dias sem sair quase do camarote, do navio e sem fazer excursões. Nem amor podíamos fazer, pois as minhas dores eram tantas.

Regressamos no sábado seguinte. Por sorte viajei em primeira classe devido ao atestado passado pela médica da clínica que informava ser inconveniente viajar sentado, mas teria de fazê-lo deitado.

Não houve lugar para o meu amor. Viajamos separados. Após oito horas de avião, esperavam-nos ainda mais quatro de carro até chegar a casa.

Foi a pior viagem de carro efectuada em toda a minha vida.

Aqui estou agora. Deitado por mais quatro semanas. Sem poder sair da cama. E com as malditas dores que não me deixam.

19 fevereiro 2007

Aniversário II... Caraíbas!


Mas os enjoos não eram o pior. Os dois primeiros dias reduziram-se a enjoos e visitas a duas ilhas. Curaçao, com chuva e Margarita com bonito sol e praia.

No terceiro dia chegamos bem cedo às granadinas. Mayreau era o novo destino e fizemos a nossa primeira escursão: catamaran. Mas não correu muito bem. Ao chegarmos à pequena ilha de Mopion tive um acidente. Cai devido à ondulação da embarcação e bati literalmente com o rabo no chão, enquanto a malvada subia em direcção ao meu rabo.

Nunca havia sentido tanta dor, numa só parte do corpo e num período de tempo tão rápido. Senti um estalo na minha coluna e não mais consegui mexer as pernas. As lágrimas brotavam energicamente ao mesmo tempo que os meus pensamentos voavam em direcção às minhas pernas, comandando-lhes que se mexessem.

Mas elas não obedeciam. As dores eram insuportáveis. O meu amor estava a meu lado. Um medico brasileiro que se encontrava a bordo, veio em meu socorro, fazendo um breve e pequeno exame para perceber a gravidade da situação, mas sem mecanismos próprios para isso, tornou-se difícil.

A guia, impecavelmente atenta a tudo e dedicada, quis rapidamente voltar para trás, mas eu recusei, devido às dores que sentia. Felizmente, minutos depois recuperei a sensibilidade nas pernas e não perdi a capacidade de decisão e consciência. Ali me mantive deitado por algum tempo, com gelo na coluna, até regressarmos ao maravilhoso navio.

Fui desembarcado em maca pelo médico e enfermeiro no navio, ajudados por alguns tripulantes e encaminhado para o hospital do navio.

Uma vez observado, o médico percebeu que algo errado se tinha passado na coluna, mas sem RX, seria difícil diagnosticar. Recebi uma injecção para aliviar as dores e no dia seguinte, em Barbados seria levado a uma clínica particular para realizar o RX e saber oo que acontecera na minha coluna.

18 fevereiro 2007

Aniversário I

Este ano comemorei o meu aniversário, como sempre, a dois de Fevereiro. Por vezes gostaria de o comemorar noutra data, mas foi definido assim… Mas voltemos ao importante. O meu amor resolveu oferecer-me um presente de sonho: um cruzeiro às Caraíbas.

Há vários anos que sonhava com esta viagem. Mas ele não fez a coisa por menos. Presenteou-me com um cruzeiro de luxo, com camarote superior, com varanda e tudo o que tinha direito.

No dia três partimos em direcção a Aruba para embarcar nas minhas férias de sonho: oito dias a bordo daquele que viria a ser o portador dos piores dias da minha vida.

Inicialmente, tudo foi maravilhoso. O navio é lindo, luxuoso, clássico, bem decorado, cheio de requinte. O atendimento e tratamento da tripulação é 5 estrelas superior. Nada a apontar. Mas (há sempre um mas) após algumas horas de exploração das maravilhas a bordo, zarpamos por volta das 21h. E, meia hora depois, começou o meu pequeno inferno: os enjoos.

Sempre imaginei que quem iria enjoar seria o meu amor (pois até comprimidos para isso lhe comprei), mas afinal fui eu atingido pelo maldito enjoo. No primeiro, segundo e seguintes dias.

Posso informar que, segundo uma amiga e após lhe ter descrito os sintomas, são enjoos precisamente iguais aos de uma mulher grávida, com excepção do parto. Nunca quis estar grávido (eheheh) e agora muito menos.

É tão mau que impede que saboreemos a boa comida servida a bordo, o desfrute dos bares e discoteca, enfim, obriga-nos mesmo a deitarmo-nos a resto da noite. Chegamos a descobrir que houve uma noite em que 90% dos passageiros estavam nos seus camarotes, enjoados.

16 fevereiro 2007

Azar!

Quero pedir perdão a todos os que têm vindo visitar este blog. Várias coisas aconteceram nos últimos tempo, mas infelizmente nem tudo correu bem. Tive um acidente que me levou à cama, onde ainda estou e ficarei nas próximas semanas.

Só agora começo a sentir forças para escrever e actualizar o blog, embora as dores ainda sejam muitas.

Tentarei fazê-lo todos os dias.

28 janeiro 2007

Mika Grace Kelly

É simplesmente fantástico

25 janeiro 2007

Nova batalha...

Aquela frase dele parecia loucura!

- És louco amor? Como compramos uma casa?
- Estou a falar a sério, se conseguíssemos comprar uma casa pagando uma prestação do mesmo valor que pagamos pela renda desta, porque não?

Realmente ele tinha alguma razão,

- mas só se for na cidade e perto da agencia e do meu emprego!

E assim começamos a ver onde poderíamos comprar uma casa.

A decisão não foi difícil. Vimos três apartamentos em três edifícios diferentes, mas lado a lado. Queríamos um T2. Era suficiente para nós. Mas já que íamos comprar então que fosse algo bom, bonito e com requinte.

Ficamos apaixonados pelo segundo que vimos.

20 janeiro 2007

Nova aventura!


Quando regressamos de ferias, iriamos dar início a mais um apisódio, mas ainda não sabiamos.


Um belo dia estava o meu amor envovido no silêncio dos seus pensamentos, quando me faz a pergunta da nossa aventura: "oh amor, e se comprassemos uma casa?"

07 janeiro 2007

Continuando...

Depois da nossa filhota abrir, os tempos que se seguiram foram atribulados. Calculem o que é abrir uma agência de viagens sem Internet. Tudo porque os nossos serviços de telefone portugueses são tão bons, rápidos e eficientes, que demoraram dois meses ate estar instalado todo o serviço e estar disponível.

Os meses que se seguiram foram óptimos em termos de negócio. Tudo correu muito bem. Claro que o facto de termos ter-mos aberto em plena época de verão ajuda, mas restava ver como iria ser a estação seguinte.

Quanto à nossa vida conjugal tudo parecia correr bem. Os conflitos/discussões que tínhamos surgiam por opiniões contrárias em relação ao negócio.

Fomos passar uma semana – a segunda de Agosto – em S. Torpes, com os amigos, apenas para descansar, pois eu mantinha a minha profissão e o merecido descanso de um ano de trabalho, acumulado de a abertura de uma agência, pedia descanso há algum tempo.

As ferias foram óptimas. Com um grupo de amigos, daqueles que são mesmo verdadeiros e que não vale a pena estar a explicar.

Pedido de desculpas

Sei que estivemos muito tempo sem postar por aqui, mas a vida por vezes fechanos a paciência e canaliza as nossas energias para outras actividades. Mas prometemos estar de regresso para continuar a relatar os peisodios das nossas vidas.
As nossas sinceras desculpas a quem por aqui passou.

11 dezembro 2006

Muito melhor!

Esta ultima viagem que ele fez, correu muito melhor.

Lá foi ele a Cuba e deixou-me por cá, como já sabem. Mas desta vez não houve discussões nem problemas. Parece que descobri que ele tem razão. Tenho mesmo que confiar e que tanto ele pode fazer lá como eu cá.

Nada aconteceu de mau nem menos bom. Eu não tive nenhuma crise de ciúmes. quer dizer, eles apareceram, mas não lhes dei atenção. Concluí que não quero mais pensar nisso. nem quero saber em pensar nessas coisas. O que me adianta massacrar-me com isso? apenas passar mais uma semana em tristezas e angustias? Não.

Foi óptimo.

Mas continuo a achar que ele não devia ir. Faz-me muita falta. Não sei viver sozinho. Não sei estar sem ele.
No início da viagem até que tudo corria bem.

Falávamos por telefone, trocávamos mensagens durante o dia… até que um dos dias ele não atende o telefone, não manda mensagens e só ao final do dia é que o faz, sobre o pretexto de ter ido fazer uma excursão para determinado sitio e não ter levado o telemóvel. Que o havia deixado no quarto do hotel.

Fiquei louco de raiva. Como é que alguém se vai embora para o outro lado do mundo faz uma coisa daquelas? Não me parecia normal, comum nem adequado. Mas ele tinha explicações: ia fazer uma excursão de barco, com mergulho incluído e não dava mesmo para levar telemóvel, pois corria o risco de o perder os danificar.

Mas aquilo ficou preso na minha memória. A partir dali todos os meus ciúmes aumentaram: “será que ele está a fazer alguma coisa por lá e eu não vou saber? Será que me vai trair?...”

Sei que tudo isto é uma estupidez da minha cabeça. Tanto a falta de confiança, como o esquecer que ele pode pensar o mesmo.

A partir daquele dia os seus telefonemas e mensagens eram respondidos com distância e frieza por mim. Sei que sou mau nestes momentos. Mas acho que isto faz parte de mim e ele ama-me assim mesmo.

O pior foi no dia em que ele regressou. Grande discussão. Tudo era motivo para discutirmos. Razão tinha ele em dizer que após estar tão longe de mim tanto tempo, este era a recepção que lhe dava?

Tadinho do meu menino. O que eu o amo.

Mas as coisas melhoraram…

30 novembro 2006

Finamente a nossa filhota abriu.

Mesmo com algumas pequenas falhas como a colocação de linhas de Internet, que o nosso país é craque a resolver problemas, deu-se o arranque em pleno verão.

Pensamos que seria já tarde. Que quem viajava no verão havia já feito as suas compras. Enganamo-nos redondamente. Esse resto de verão fez-se muito bem feito.

Tudo corria bem, até que surge a primeira viagem de trabalho que o meu menino tem de ir sem mim: Brasil!

Uma semana do outro lado do mundo, longe de mim. Seria a primeira vez que iria acontecer um afastamento tão longo e tão distante.

As minhas inseguranças voltaram. Os meus medos também.
As coisas estavam bem entre nós, mas aquela viagem iria dar cabo de tudo. E deu.

26 novembro 2006

Tristeza!!!!

Hoje é um dia menos bom. O meu amor foi parar ao outro lado do mundo em trabalho. Foi ontem e só regressa no proximo domingo. Maldita profissão que de vez em quando me leva o menino para longe.

Vamos ver como corre a semana... Espero que o maldito ciúme não se apodere de mim e arranje mais uma vez motivo para discutir com ele.

Mas digo e assumo, que já não sei estar sem ele. É horrível estar sózinho em casa. O sofá torna-se enorme. A cama vazia. O silêncio insuportável. O silêncio não é o mesmo quando ele está. Até podemos fazer o serão em silêncio, mas não é a mesma coisa.

Fazes-me falta. Volta depressa!

21 novembro 2006

Depois da escolha veio o primeiro balde de água fria: era preciso ter seis mil euros para poder adquirir o franchising. Começaram aí os nossos problemas. Não tínhamos, mas onde os poderíamos arranjar?

Pediu-se à família, a qual recusou a ajuda. Até que se resolveu tentar um empréstimo. Foi com sucesso. Já tínhamos o dinheiro para a aquisição. Agora encontrar o espaço e procurar alguém que fosse trabalhar também na empresa. Foi rapidamente encontrada a pessoa ideal. A seguir teriam de ir os dois para o Porto fazer a formação necessária para o franchising. Enquanto eu teria de tratar por cá todos os pormenores (e pormaiores) da empresa para se poder abrir em dois/três meses.

Foi uma correria. Pedir orçamentos a todas as empresas que poderiam fornecer serviços necessários à abertura da nossa, fazer obras necessárias, adquirir materiais e equipamentos, linhas telefónicas, Internet… parecia que nunca tinha um fim.

Cada semana que passava surgia um novo entrave. Parecia que as pedras nasciam no nosso caminho impedindo-nos de evoluir. Mas a nossa força interior e a nossa vontade tudo contornou.

Os meses passavam. Eles continuavam em formação no Porto. Os meus ciúmes tinham dias de tormento com ele no Porto sem mim. Mas foram sempre superados. Víamo-nos todos os fins-de-semana.

A formação entretanto termina. Eles regressam e a empresa estava pronta. Chega o primeiro dia de trabalho. Foi o nascimento da nossa “filha”, como lhe chamamos.

Trata-se de uma agência de viagens.

20 novembro 2006

Mudanças

Depois de algum tempo a viver juntos, o meu amor fica desempregado. As dificuldades, que já existiam, aumentam significativamente. As contas mantêm-se as mesmas, mas os rendimentos diminuem.

Curriculums enviaram-se para muito lado, mas as dificuldades de encontrar emprego neste país e nesta região são enormes. Pensamos muito em tudo o que se poderia fazer. A nossa sorte naquela altura foram os pais do meu amor, que muito nos ajudaram a pagar algumas contas, assim como os meus amigos mais íntimos, que não faltaram com o apoio incondicional.

Num serão de visita a casa de uma amiga e em conversa, surge a ideia de abrir algo nosso. Mas o que? Teria de ser algo que ambos gostássemos e que fosse minimamente rentável.

Varias foram as pesquisas feitas na net acerca de potenciais empresas. Até que surge a ideia de um franchising. Ainda assim restava pesquisar a viabilidade do mesmo.

Após muitas pesquisas, decidimos enviar vários pedidos de informação por mail para varias empresas da mesma área. Recebemos informações de todos e depois de todos serem bem explorados, decidimos marcar uma reunião com uma delas no grande Porto.

Fomos a dita reunião e o resultado desta foi positivo. Vimos uma nova luz no fundo do túnel. Já tínhamos escolhido o novo ramo de trabalho do meu amor.

A partir dali parecia que a nossa vida ia tomar um rumo melhor.

15 novembro 2006

Os tempos passavam e nós encontrávamo-nos apaixonados. Pelo menos era o que pensávamos. Vivíamos naquela casinha nos arredores da cidade. A vizinhança era simpática, felizmente. Umas vezes falavam com ele e referiam-se ao “seu primo” outras vezes, o “seu amigo”, mas rapidamente perceberam o que éramos. Não era difícil.

Vivíamos juntos. Trocávamos de carro muitas vezes, assim como de camisas e casacos. Não seria difícil perceber.

Tudo parecia correr bem. Os meus, agora nossos, amigos visitavam-nos. Nós a eles. Mas havia sempre algo que era capaz de destruir toda aquela aparente felicidade. Um telefonema despropositado dum ex dele, que apesar de saber que ele havia “casado”, insistia em tomar um café, em dar “uma volta” em ir a “umas festas”…

Aquilo dava cabo de mim em três tempos. Mais me incomodava o facto dele atender as chamas e ser simpático. Ou, mais ainda, nem sequer sem assertivo ao ponto de lhe dizer algo parecido com “estou casado… não estou disponível… não me ligues mais… ou, simplesmente, deixa-me em paz!”

Até que um dia tive de ser eu a fazê-lo. Num belo domingo ao almoço em que o meu menino sai para almoçar em casa dos pais. Aproveitei para ligar ao outro, que também me conhecia muito bem, embora não tenha nunca tido nada comigo.

Como ele não tinha o meu número de telefone, liguei. Fui cordialmente atendido e identifiquei-me “olha lá, não sabes que o J. está comigo? Não sabes que é casado?”

Gostaria muito de ter visto a cara dele. Senti que ficou constrangido com o meu telefonema. Nunca pensou que eu fosse capaz de o fazer. Respondeu que sim que sabia, ao que retorqui com um “e não tens vergonha de fazeres o que estas a fazer? Gostarias que te fizessem o mesmo? Agradeço que pares por aqui ou te garanto que as medidas seguintes serão muito piores para ti. Não te esqueças que eu não tenho nada a perder”

Obviamente que eu não tomaria nenhuma atitude mais drástica que confrontá-lo pessoalmente, mas aquela última frase resulta em 95% dos casos quando o outro sabe que não tem razão; transmite segurança nas nossas palavras e provoca algum receio do outro lado.

13 novembro 2006

Queria pedir desculpas a todos os que nos visitam, mas a realidade é que estive qusente por motivos de trabalho, mas agora regressei e brevemente continuarei a postasr os episodios das nossas vidas!
Obrigado a todos pelos vossos comentários!

02 novembro 2006

As seguintes vezes que contei...

Outras foram as reacções de outras amigas. Claro que estavam relacionadas com as personalidades das mesmas.

Quis ir contando gradualmente a cada uma delas, àquelas a quem sempre tive em grande consideração. Em quem sempre confiei. Com quem sempre contei para tudo.

E a segunda escolhida foi a C. é mais nova que eu alguns anos. Ambos estávamos em Lisboa a trabalho. Resolvemos tomar um café ao final de tarde. Deu-me hipótese de sugestão e escolhi o melhor local para o acontecimento: a passarelle dos gays ao final do dia. Chiado.

Estivemos sempre rodeados pelas malucas que tanto gostam de se exibir e aos seus adereços rascas, mas que aparentam (ou tentam aparentar) serem Christian Dior e afins.

Deixei-a falar de todos os problemas que passava com o namorado e, no momento oportuno, quando ela referia os ciúmes que ele tinha a meu respeito, soltei: diz-lhe que sou gay e ele vai parar de implicar. Obtive uma resposta tão banal, que tive de repetir: “amiga, estou a tentar dizer-te que sou gay”

Acho que nunca na vida o meu braço tinha sido tão apertado por uma mão. Qual criança feliz por receber um presentão… “A sério?...não acredito… que fixe… tenho um amigo gay…” tudo isto em verborreia catársica ao mesmo tempo que o meu braço era triturado pela alegria e força da sua mão.

Claro que surgiram todas as questões (algumas inconvenientes) de uem queria saber tudo: “e levas ou dás?... e gostas de sexo oral?... de fazer ou receber…?”

Convidei-a para tomar uma bebida no final da noite, num bar gay de Lisboa, para que a conhecesse. Foi mais uma experiência deliciosa com a minha querida C. que esteve todo o tempo a observar os movimentos à sua volta e comentado pequenos pormenores como a beleza da maioria dos homens que pelos olhos dela iam passando, pelo desperdício que eles eram, pelos rabos perfeitos que mostravam…

Na saída elogiou a existência de espaços como aqueles, onde podíamos estar descontraidamente sem esconder o que somos, nem sermos apontados. Só uma pequena coisa a incomodou: “ninguém olhou para mim!”. Foi delirante ouvir este comentário de alguém esteticamente bonito, atraente, charmosa e habituada a que todos os homens para ela olhassem.

Depois desta amiga outras foram as que tiveram o privilégio de conhecer toda a intimidade da minha vida. Todas reacções foram muito positivas e agradáveis. A proximidade que conquistei foi de tal ordem enorme, que hoje penso muitas vezes que se voltasse atrás no tempo faria um jantar de grupo em casa com todos e no final contaria a todos ao mesmo tempo.

O melhor de tudo é que todos esses amigos continuam e sê-lo cada dia mais. E faço parte da vida deles como família.

30 outubro 2006

Primeira vez que contei

Lembro-me da primeira vez que contei a alguém que era gay.

Estava de ferias em Lisboa, onde tinha tirado a minha licenciatura e onde conhecera pessoas maravilhosas, que ainda o são e que continuam a ficar na minha memória, no meu coração e na minha vida. Estava com dois amigos recentes, que nada sabiam da minha vida privada. Partilhávamos a casa de ferias, mas a liberdade de movimentos era gigantesca, cada um fazia o que queria.

A primeira pessoa a quem resolvi contar foi a uma dessas amigas. Àquelas a quem sempre me referi como a “minha irmã que não é de sangue”, a S.

Ela, apesar de estas a trabalhar naquela altura (Agosto), tinha sempre tempo para estar comigo no final do dia, quer para tomar uma bebida, quer para jantar. Aquela ligação com a S era tão forte e intensa, que me incomodava e perturbava cada dia mais o facto de lhe mentir. Pois para mim o não lhe contar quem eu era, era como mentir-lhe.

Alguns perguntarão: “quem eu era?” Claro que eu era a mesma pessoa, mas havia um pormenor que me fazia ser diferente, pois tinha que lhe mentir e/ou omitir muitas situações e episódios da minha vida. Por isso sempre achei que eu não era e não sou a mesma pessoa quando escondo a minha sexualidade. Como alguém escreveu há pouco num blog: até parece que temos dupla personalidade. E isto eu decidi há três anos atrás que não o volto a fazer com as pessoas que amo.

Numa daquelas tardes de ferias, por telefone, combinamos jantar num bom restaurante. Queria que a minha primeira revelação fosse marcante. Fomos a um bom restaurante em Lisboa. Jantamos. Durante todo o jantar tentei induzir a “conversa”, mas parecia que ela sabia onde queria ir e desviava-a sempre.

Até que o momento chegou: “S, tenho uma coisa sobre a minha vida para te contar; não quero que te afastes de mim, que me entendas, que sou sempre a mesma pessoa; só que estou cansado de te mentir e tu não mereces que eu te faça isso…” Refiro-me àquele discurso que todos ensaiamos para contar a alguém pela primeira vez.

Reacção: impávida e serena, resolveu responder-me que não era novidade, que já desconfiava, que o que sentia por mim não iria sofrer alterações. Foi muito bom ouvi-la dizer aquelas coisas. Mas os dias seguintes eram totalmente antagónicos a tudo aquilo.

Esteve sempre muito ocupada no resto das minhas férias. Sem tempo nem para um café. Apenas a voltei a ver no dia da minha partida, para se despedir e dizer-me que precisou daquele tempo para digerir e assimilar aquela novidade. Apesar daquilo ter soado muito estranho, demonstrava o quanto eu era importante para ela. Como quando dizemos a um irmão e ele, apesar de desconfiar, preferia que nunca lhe tivessem confirmado.

Ainda hoje ela é a minha “irmã que não é de sangue”. Adoro-a.

29 outubro 2006

O ciúme II

Outra situação em que o maldito ciúme se intrometeu nas nossas vidas aconteceu quando o meu amor se ausentou do país pela primeira vez em trabalho.

Ele teve de ir ao Brasil em trabalho, acompanhado por um grupo de colegas, durante uma semana inteira.

Eu fui levá-lo ao aeroporto e regressei a nossa casa. Ao chegar, deparei-me com algo que era novo para mim: a solidão. Apesar de ter passado muitos anos da minha vida a viver sozinho, aquela solidão era algo novo para mim. Era a primeira vez que me encontrava sozinho sem ele. O adormecer no sofá já não fazia sentido. Estar deitado na cama era algo estranho. Inclusive sentar-me à mesa para jantar.

Mas tinha que suportar. Tudo corria bem, até ao dia em que, após lhe ter ligado varias vezes e ter enviado varias mensagens sem resposta, o maldito ciúme começou a apoderar-se de mim. Lembro-me de ter começado a imaginar várias situações possíveis: desde estar a “divertir-se” com alguém do grupo ou até ter encontrado alguém interessante pelas terras brasileiras.

Como devem imaginar, quando me foi possível saber noticias dele (por ele mesmo) as minhas emoções estavam ao rubro. As trocas de mensagens foram muito destrutivas entre ambos. De tal forma, que quando regressou, a tempestade instaurada foi difícil de ultrapassar. Mas ultrapassou-se.

Bem sei que ele tinha razão quando me dizia que eu também poderia traí-lo por cá. Eu estava sozinho. Poderia ir onde queria e ele nunca viria a saber. Mas eu achava que eu podia fazê-lo, porque o amava demais para isso. Mas o meu egoísmo era tanto que até parecia que ele não me amava da mesma forma.

Felizmente tudo se resolveu. Infelizmente este não foi o único nem último episódio da nossa vida em que o maldito ciúme quase destruiu a nossa relação.

28 outubro 2006

Aniversary


Desculpem a demora em postar, mas amanhã é o nosso terceiro aniversario juntos. Foi uma semana cheia de trabalho e também de preparação para a surpresa que vou fazer ao meu amor. Só quando lá chegarmos é que ele vai perceber para onde vamos.

É para aqui que o vou levar.

23 outubro 2006

O ciúme

A nossa vida ia decorrendo, com momentos menos bons financeiramente, como a todas as pessoas. Pelo menos é o que queremos acreditar, pois sentimo-nos melhor sabendo (ou pensando) que os outros estão igualmente a passar por momentos difíceis. Mas tudo se resolvia. Esses momentos, apesar de algo dolorosos, iam-se ultrapassando.

Outras situações tornavam-se mais complicadas e difíceis de ultrapassar quando surgiam. Nomeadamente o destruidor de muitos casais: o ciúme. Este maldito sentimento que se apodera de mim de vez em vez e que consegue despoletar o desequilíbrio que entre nós existe.

Varias vezes este maldito se apoderou de mim. Assim como do meu amor. Mas seria difícil medir em qual dos dois ele teve maior efeito ou qual dos dois sabe/soube lidar melhor com as situações.

A primeira vez que este malvado nos atacou de forma grave e intensa, foi quando meu amor trabalhava para uma empresa que o obrigava a ausentar-se da cidade várias vezes à semana, vindo sempre dormir a casa. E passou-se da seguinte forma.

Eu comecei a receber mensagens no telemóvel de um número que não estava registrado na minha agenda e que referiam frases acerca do meu amor, como por exemplo: “gostava de tomar um café contigo, pois acho-te bonito… não sei o que vês nesse com quem andas, pois anda a pôr-te os cornos… queria apenas fazer sexo contigo uma vez… ele não presta, anda a enganar-te…” Entre outras estas eram as que mais me incomodavam. Todas as vezes que eu ligava, essa pessoa não me atendia. Apenas comunicava-mos por mensagens. Eu partilhava tudo o que estava a acontecer com o meu amor.

Numa das vezes, como tantas outras, em que eu trocara de carro com o meu amor, para ele se deslocar para fora, eu encontrei a carteira dele no carro e resolvi, contra todos os princípios de respeito e boa educação, revistar a mesma. E eis que encontro um cartão de telemóvel com o número de onde recebia as mensagens.

Afinal era o meu amor quem se dava a todo aquele trabalho. Depois de muito pensar, resolvi entrar no jogo dele sem lhe dizer nada. Aquilo era um jogo que se poderia tornar perigoso. Resolvi começar a responder às mensagens de forma concordante e insinuante.

O jogo foi-se prolongando até que um dia fui forçado a confrontá-lo com a situação. Inicialmente negou a verdade da mesma, até que acabou por confirmar tudo e justificar. O medo que eu o traísse era tão grande que resolvera testar-me.

Naquele dia, e apesar daquilo ter sido algo bom interiormente para mim, fiz-lhe uma promessa de amor: que aquele receio dele nunca se iria concretizar; que eu lhe seria sempre fiel e quando o não quisesse ser estaria (e estou) confortável para lho dizer e pedir para fazermos algo diferente; que ele próprio me deu este conforto. Que mais poderia eu pedir?

Interiormente foi algo bom, pois é sempre bom descobrirmos que o nosso amor nos ama tanto ao ponto de fazer aquele tipo de barbaridades.

Mas outras foram as vezes que o maldito ciúme nos atacou ao ponto de provocar algo que nos parecia irremediável.